Um dia após declarações polêmicas, sobre fome no Brasil e nordestinos, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), recorreu ao Twitter para criticar a atuação de jornalistas na cobertura política. “Não adianta a imprensa me pintar como seu inimigo. Nenhum presidente recebeu tanto jornalista no Planalto quanto eu, mesmo que só tenham usado dessa boa vontade para distorcer minhas palavras, mudar e agir de má-fé ao invés de reproduzir a realidade dos fatos”, disse.
Em um segundo tuíte, provocou os profissionais da mídia: “No fundo, morrem de saudades do PT”. Bolsonaro ainda afirmou que sempre defendeu a liberdade de imprensa, “mesmo consciente do papel político-ideológico atual de sua maior parte, contrário aos interesses dos brasileiros, que contamina a informação e gera desinformação”.
Na sexta-feira (19/07/2019), o presidente deu uma série de declarações controversas. Chamou nordestinos de “paraíbas” ao criticar o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), voltou atrás após dizer que a fome no Brasil era uma “grande mentira”, e chamou a jornalista Miriam Leitão, torturada na ditadura militar, de mentirosa.
Repercussão
As falas de Bolsonaro ressoam negativamente no mundo político – e fora dele. Em vídeo, a sambista Alcione, maranhense, pediu respeito ao Nordeste e ao Brasil. Dino disse à revista Época que pretende acionar a Procuradoria-Geral da República (PGR) para denunciar o presidente por racismo. Ciro Gomes (PDT) usou o bordão de Caco Antibes (Miguel Falabella) para repudiar a postura de pesselista: “Cala a boca, Magda das milícias”.
Em nota, os governadores de estados do Nordeste demonstraram revolta com as declarações de Bolsonaro. “Recebemos com espanto e profunda indignação a declaração do presidente da República transmitindo orientações de retaliação a governos estaduais, durante encontro com a imprensa internacional”, diz o comunicado.
O general da reserva, Luiz Rocha Paiva, integrante da Comissão da Anistia, disse ao Estadão que o comentário de Bolsonaro é “antipatriótico” e “incoerente”.