O Centro de Referência Municipal de Inclusão da Pessoa com Deficiência (CRMIPD) da Prefeitura de João Pessoa (PMJP) está ofertando assistência especial, por telefone, para pessoas com deficiência física e intelectual, como Transtorno do Espectro Autista. Os atendimentos, de acordo com a coordenadora da Área Técnica da Pessoa com Deficiência, Tahiná Sá de Almeida Dantas, estão sendo realizados de segunda a sexta-feira, de 8h às 12h e 13h até 16h, pelo telefone 3218-9807.
“O serviço presencial foi suspenso, porém estamos fazendo teleatendimento para alguns usuários, como renovação de receita, por exemplo. Conseguimos construir um fluxo de controle para que as receitas fossem renovadas, sem que haja muito contato com as pessoas que vêm diariamente ao Centro. Tudo organizado de uma forma que evite aglomerações”, explicou Tahiná Sá de Almeida Dantas.
Os agentes do CRMIPD também ligam para os familiares e dão o suporte necessário. “Conversamos para saber como estão os usuários e o que podem fazer com as crianças com autismo. Sugerimos que criem uma rotina normal de vida, com horário para brincar, horário para as tarefas da escola, horário das refeições e façam atividades lúdicas para ocupar o tempo desta criança”, comentou Tahiná Sá de Almeida.
Caso haja uma crise da criança, neste período da pandemia do Covid-19, os profissionais do Centro procuram investigar o que desencadeou a crise e vão oferecendo alternativas lúdicas e interativas para o usuário, bem como a sua família.
A crise do Espectro Autista pode ocorrer por vários fatores como: mudança de rotina, mudanças sensoriais, uso de medicação incorreta e diversos outros fatores que possam desencadear o estado emocional da pessoa. É nesta hora que entram os profissionais do Centro, que avaliam e estudam cada caso.
A dona de casa, Karla Gorety Pereira de Assis, é mãe de duas crianças, uma com autismo, Luis Felipe Pereira da Silva, 17 anos, e Lianderson Ruan Pereira da Silva, 14 anos, este último é cadeirante e possui deficiência mental. Ela contou que sempre precisa de medicação para eles e que senão fosse o CRMIPD da Prefeitura não saberia o que fazer.
“Lá no Centro também faço trabalho reabilitação com eles, mas agora com essa pandemia, tudo parado, eu mesma faço as atividades terapêuticas orientada pelos agentes de saúde e vou preenchendo o tempo deles com a televisão, assistindo filmes. Nos finais de semana coloco uma piscina de plástico no quintal e fico lá interagindo com eles”, contou Karla Gorety.
A família de dona Karla Gorety mora no Bairro das Indústrias, em João Pessoa, e também recebeu em casa uma equipe da Secretaria de Saúde para vacinação contra a gripe H1N1, dentro do calendário previsto da campanha. “Eu até me surpreendi porque eles trouxeram também um kit contendo álcool em gel e máscaras para nossa família”, contou.
Vacinação – A vacinação contra o Influenza para as pessoas com Transtorno do Espectro Autista e outros problemas que atingem o comportamento e o intelecto, esta sendo realizada obedecendo o calendário de atendimentos disponibilizado pela Secretaria de Saúde da PMJP nos shoppings, drive thru e postos de atendimento da cidade de João Pessoa.
Os familiares de pessoas com deficiência, que estão acamadas, têm que entrar em contato com o Posto de Saúde da Família (PSF) do seu bairro para agendar e realizar a vacinação em casa. As crianças matriculadas na Rede Municipal de Ensino, que têm deficiência, também estão sendo atendidas da mesma forma, dentro do calendário da Campanha de Vacinação.
Sobre o CRMIPD– O Centro de Referência Municipal de Inclusão da Pessoa com Deficiência possui 471 famílias cadastradas e realiza atendimentos mensais, com crianças e adolescentes com Paralisia Cerebral, Síndrome de Down, Transtorno do Espectro Autista, Deficiência Intelectual Leve e Moderada, Síndrome de Duchenne, Microcefalia e outras.
Além das crianças, as famílias também recebem todo o suporte possível, desde o psicológico até o acompanhamento aos benefícios assistenciais e programas de habitação, bem como encaminhamento no que for preciso.
O atendimento realizado no CRMIPD é feito após uma triagem de avaliação. Os usuários recebem atendimento individualizado ou em grupo, em um ou mais tipos de terapia ou de capacitação para o trabalho, sob a responsabilidade de cada setor específico, em um ou dois dias na semana.
Durante a estadia no local, todos os pacientes são encorajados a serem independentes. Dentro de cada limitação, os profissionais buscam apontar caminhos para que os pacientes não façam de suas limitações, física ou intelectual, um empecilho para desenvolver uma série de atividades. Além do atendimento às pessoas com deficiência, o Centro oferece também um trabalho direcionado para os familiares, realizado por um psicólogo.
Direitos – As pessoas com Transtorno do Espectro Autista têm o atendimento garantido tanto por leis federais quanto pela legislação estadual. Na Paraíba, a lei nº 8.756 de 2 de abril de 2009 institui o Sistema Estadual Integrado de Atendimento à Pessoa Autista, bem como as diretrizes para a plena efetivação dos direitos que propiciem o bem-estar dos autistas.
A lei nº 9.563, de 6 de dezembro de 2011, institui o Dia de Conscientização sobre o Autismo no Estado da Paraíba, celebrado no dia 2 de setembro, com o objetivo de ampliar o conhecimento dos direitos e garantias de cidadania da parcela da população com autismo, assim como a divulgação e disseminação de iniciativas governamentais inclusivas em âmbito estadual.
Nacionalmente, a proteção dos direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista está garantida por meio da lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Mas, foi com o decreto 8.368 de 2 de dezembro de 2014, do Governo Federal, que os autistas passaram a ser considerados pessoas com deficiência e devem ter atendimento integral garantido no Sistema Único de Saúde (SUS). Além da medicação gratuita, deve ser garantido o encaminhamento para os centros especializados em reabilitação e Centros de Atendimento Psicossocial.