O mês de maio traz no calendário o dia nacional de combate ao assédio moral no trabalho, data simbólica para a conscientização, prevenção e combate a violência psíquica ou física no ambiente laboral.
Para Maria Cristina Santiago (Kiu), advogada e professora, o assédio “é uma modalidade seríssima de violência, pois repercute diretamente na diminuição da autoestima e na própria noção de dignidade que é intrínseca à nossa própria condição humana”.
De acordo com pesquisa divulgada pela Organização Internacional de Combate à Pobreza 86% das mulheres brasileiras sofreram assédio em público. Segundo a referida pesquisa as formas de assédio são das mais variadas, como por exemplo assobio. O percentual de mulheres que já sofreram essa modalidade de assédio e de 77%.
Já com relação à olhares insistentes e lascivos esse percentual é 74%. Por sua vez, o percentual de mulheres que sofrem assédio, na forma de comentários de cunho sexual é de 57%, enquanto xingamentos é de 39%. Outro dado importante, é que metade das mulheres entrevistadas no Brasil revelou que já foi seguida nas ruas. 44%, sendo que 37% tiveram seus corpos tocados nos espaços públicos.
No local de trabalho, o cenário igualmente é desanimador. Segundo pesquisa realizada pelo instituto Datafolha mais de 1/3 (um terço) das mulheres advogadas disseram sofrer discriminação e assédio em ambientes de justiça e nos escritórios de advocacia. A pesquisa também revela que ¼ (um quarto) da advocacia negra, sofre discriminação racial.
Quando o tema é discriminação em razão de gênero, a pesquisa revela que 35% das mulheres afirmam ter passado por essa situação. Dentre as advogadas entrevistadas, 18% disseram já ter sofrido assédio sexual cometido por clientes. Indagadas sobre essa prática entre colegas de escritório ou local de trabalho, 17 % responderam positivamente. Ainda segundo a pesquisa Datafolha, 16% das advogadas já foram assediadas pelos seus chefes.
A pesquisa revela ainda, uma relação muito forte entre a maior incidência de assédio contra aquelas mulheres em situação de vulnerabilidade econômica. Ou seja, àquelas mulheres que ainda não possuem independência financeira.
Sobre o assunto, afirmou ainda Kiu: “No exercício de minha profissão, seja como advogada seja como professora, procuro levar à cada uma das pessoas, que encontro o compromisso de abraçar essa causa. A causa da concretização de uma cidadania igualitária”.
Como advogada que atua na área das famílias, com enfoque maior nas situações de vulnerabilidades, Kiu alerta que o combate à prática do assédio contra as mulheres não pode ficar restrita às teorias e lançamento de campanhas publicitárias, simplesmente. “É preciso ir além. Adotar posturas que tragam mais resultados efetivos”, destacou Kiu.