A pós-verdade e seus efeitos nocivos: uma análise da campanha da situação na OAB-PB

Quero deixar absolutamente claro que não sou candidato e não tenho qualquer intenção de confundir ou enganar ninguém. Meu apoio à chapa 10 liderada por Paulo Maia e Luciana Brito é sincero e baseado em princípios que considero fundamentais para a nossa profissão. Apesar de não concorrer a nenhum cargo, acredito profundamente neste projeto e no compromisso genuíno de Paulo e Luciana com a ética, a transparência e a dignidade que nossa Ordem deve representar. Feitas essas considerações, preciso me manifestar sobre um tema que merece atenção.

Nos últimos anos, a chamada “pós-verdade” ganhou um espaço preocupante nos discursos políticos e em campanhas institucionais, tornando-se uma ferramenta poderosa e perigosa, mais insidiosa que a própria mentira. Enquanto a mentira pode ser desmentida com fatos objetivos, a pós-verdade manipula a realidade por meio de apelos emocionais e distorções que, embora baseados em fragmentos de verdade, levam o público a interpretações enganosas. No contexto atual da advocacia na Paraíba, essa prática tem se intensificado na campanha da situação na OAB-PB, onde a estratégia, em vez de se apoiar em propostas concretas, parece focar em ataques calculados para enfraquecer a oposição.

Um exemplo emblemático desse fenômeno foi o episódio na Central de Polícia, explorado recentemente de maneira desproporcional pela campanha da situação. O uso oportunista desse evento para lançar acusações infundadas contra Paulo Maia revela um padrão recorrente: em vez de apresentar críticas baseadas em fatos verificáveis, a situação aposta em narrativas sensacionalistas que, embora incorretas, ganham força pelo apelo emocional e pela repetição em círculos fechados. Esse tipo de discurso não é apenas uma divergência de opiniões; trata-se de um projeto de deslegitimação da oposição, usando a pós-verdade para corroer a confiança que deveria sustentar o debate democrático.

A pós-verdade gera um efeito tóxico ao distorcer os fatos: mina a confiança do público e desvia o foco das discussões essenciais. No âmbito da advocacia, onde o respeito aos princípios democráticos é fundamental, essa estratégia é ainda mais prejudicial. Em vez de contribuir para o debate sobre propostas de fortalecimento da profissão e defesa das prerrogativas dos advogados, o que se vê é a manipulação emocional como ferramenta para silenciar vozes críticas e sufocar propostas alternativas para a Ordem.

O perigo da pós-verdade é seu caráter envolvente e quase inatacável, que torna a análise crítica difícil para o eleitor menos atento. A aparência de veracidade dificulta a distinção entre fato e manipulação, apagando o valor do contraditório e estigmatizando a dissidência. Enquanto advogados, é crucial refletirmos sobre o que desejamos para a nossa classe e o compromisso ético que juramos respeitar. Se ignorarmos essa prática agora, incentivaremos um ambiente onde o diálogo é substituído pela manipulação e onde a vitória é conquistada, não pela força das ideias, mas pelo poder das distorções. A rejeição da pós-verdade é, portanto, um imperativo para uma advocacia forte e baseada em valores, permitindo-nos construir uma OAB-PB que realmente represente os interesses de todos os seus membros.

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