Sem perder de vista o mapa que abrange pequenos e médios municípios do território paraibano, o senador Efraim Filho, do União Brasil, investe em estratégia para fortalecer o partido nos grandes colégios como João Pessoa e Campina Grande, estendendo-se pelo entorno da região metropolitana da Capital, em que figura a cidade portuária, Cabedelo. Na Capital, Efraim já fez um movimento ao abrir diálogo com o comunicador Nilvan Ferreira, que enfrenta problemas de acomodação no PL para assegurar uma nova candidatura a prefeito em 2024, diante da entrada em cena do ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Não está definido que Nilvan venha a se filiar ao União e garantir vaga na cabeça de chapa no próximo ano, mas Efraim foi habilidoso ao construir uma ponte no segmento de direita. Em Campina Grande, Efraim espera a filiação do prefeito Bruno Cunha Lima (PSD), que, nessa hipótese, terá pleno apoio para candidatar-se à reeleição. Em Cabedelo, a condução do processo está entregue ao prefeito Vítor Hugo, que é vice-presidente estadual do União Brasil.
Efraim tem consciência de que há obstáculos a serem removidos em algumas situações, daí apelar para a tática de que se valeu em 2022 para se eleger ao Senado destronando nomes como o do ex-governador Ricardo Coutinho (PT) e da ex-deputada Pollyanna Dutra (PSB). Essa tática é baseada na costura paciente das composições políticas, respeitando peculiaridades em jogo, mas apoiando-se na fidelidade a compromissos que sejam assumidos ou empenhados.
Foi com essa receita que Efraim transitou favoravelmente junto a líderes do Republicanos que já haviam fechado com ele ao Senado mas também tinham acordo de apoio à reeleição do governador João Azevêdo, adversário do então postulante a senador. Os obstáculos já pipocaram, ontem, com declarações do prefeito de Cabedelo fazendo restrições ostensivas a Nilvan Ferreira, que chegou a qualificar como um “oportunista”, não como um “bolsonarista-raiz”, tal como o comunicador se apresenta ao eleitorado paraibano.
Por trás da reação de Vítor Hugo, há vínculos do prefeito de Cabedelo com o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), candidato à reeleição, cujo filho, Mersinho, atual deputado federal, foi vice-prefeito na cidade portuária até ascender à Câmara Federal a partir deste ano. É para essas particularidades que o senador Efraim Filho demonstra estar atento, preocupado em não pôr a perder toda uma estratégia que deflagra para competir, de novo, frontalmente, com o esquema do governador João Azevêdo.
Efraim tem dito que o União Brasil, atualmente, é o segundo maior partido em prefeituras municipais, controlando 29 delas e ficando abaixo apenas do PSB de Azevêdo, que foi “anabolizado” na articulação para a reeleição do governador no ano passado, com os atrativos naturalmente oferecidos por quem detém a chave do cofre estadual. Efraim aposta fichas em adesões, com base no monitoramento de insatisfações residuais em vários partidos e na reconfiguração de cenário político do Estado, com a emergência de líderes em posição de destaque, como é o seu caso. Ele acredita que será polo aglutinador de interesses e quer aproveitar o momento das eleições municipais para se firmar como contraponto a esquemas opositores.
O senador do União Brasil contabiliza, ainda, a presença de três deputados estaduais, de um deputado federal (Damião Feliciano, coordenador da bancada paraibana) e da representação que ele exerce no Senado como símbolos de um processo de crescimento partidário que vai valorizar o cacife do sucedâneo do DEM na conjuntura política, com vistas ao cenário de 2026, quando estará em jogo a disputa pelo governo do Estado. Preocupado em ampliar apoios e construir adesões e alianças importantes, Efraim descarta especulações que teimam em colocá-lo, desde agora, como opção ao Palácio da Redenção.
Além do foco nas eleições municipais, com a discussão de problemas e esboços de solução para demandas cada vez mais crescentes, o parlamentar alega que precisa manter o radar na sua atuação no Senado, considerando que no primeiro semestre já logrou ficar em evidência no ranking nacional de políticos proativos. Desse ponto de vista, prepara-se para o debate da reforma tributária, que vai desaguar na Alta Casa do Congresso Nacional.
Para Efraim, é importante que o Parlamento tenha, no âmbito do projeto da reforma tributária, o olhar do cidadão ou do empreendedor – aquele que paga impostos e que contribui com sua parcela importante para o desenvolvimento econômico e social do país. “Vamos estar defendendo quem produz, porque entendemos que reforma tributária não deve ser feita para melhorar a vida do governo ou aumentar a carga já existente, mas, sim, para beneficiar o setor produtivo”, acrescenta, prevendo que haverá mudanças no texto final, por entender que a discussão ficou muito limitada e há muitas dúvidas, hoje, sobre o papel do Conselho Federativo, formado pelos entes, e sobre a alíquota que vai prevalecer. Conforme Efraim, a Câmara dos Deputados debruçou-se, principalmente, sobre o modelo – e, para ele, isto é positivo porque houve o consenso de que o modelo é para simplificar o sistema vigente. “O atual modelo é arcaico, obsoleto, mas precisamos discutir, também, a alíquota, para que haja ganho real, concreto, pela sociedade” – concluiu o senador Efraim Filho.