A política paraibana é repleta de personagens que, após um tempo longe dos holofotes, tentam ressurgir com a velha fórmula: discurso pronto, promessas recicladas e um certo saudosismo de um tempo que, para muitos, nem foi tão marcante assim. É o caso de um ex-deputado da região de Patos, no Sertão do estado, que agora ensaia uma volta à cena pública. Mas como voltar quando não se tem mais voto?
Essa tentativa de retorno, por mais legítima que seja, beira a ingenuidade política. A base eleitoral se perdeu, a conexão com o povo esfriou e os projetos que outrora prometiam mudar o Sertão não passaram de intenções frustradas. Não é uma questão de antipatia pessoal — é aritmética eleitoral. E os números não mentem: o nome que antes causava alguma comoção, hoje não empolga nem em grupo de WhatsApp.
Dizem que política é feita de timing. Talvez o tempo desse ex-parlamentar tenha passado, e ele não tenha percebido. Talvez esteja cercado por conselheiros que vivem de lembranças e não de realidade. Talvez ainda ache que o eleitor sertanejo é o mesmo de uma década atrás. Mas o povo amadureceu, está mais atento, mais exigente. Já não basta bater no peito e dizer “eu fui”. A pergunta agora é: “o que você fez — e por que não fez mais?”.
Mesmo se candidatar a vereador em Patos parece tarefa inglória para quem hoje não representa mais do que um nome numa lembrança desbotada. E é nesse ponto que a decisão pessoal ganha contornos de responsabilidade pública: insistir numa candidatura sem viabilidade pode não ser apenas um erro — pode ser um prejuízo político irreversível.
Cabe a ele refletir. Porque nem toda volta é possível. Algumas são apenas tentativas de se reconectar com algo que já não existe mais.







