Governador lança programa que disponibiliza notebooks para professores durante abertura do ‘Seminário Transformação Digital na Educação’

 

O governador João Azevêdo lançou, na noite dessa terça-feira (1º), o Programa Paulo Freire – Conectando Saberes, que prevê investimento de R$ 51,6 milhões a fim de estimular a inclusão digital dos educadores da rede estadual de ensino de forma a melhorar a qualidade da educação básica por meio da valorização dos profissionais no processo de execução pedagógica do Plano Estadual de Educação da Paraíba (PEE/PB), bem como, do Plano Educação para Todos em Tempos de Pandemia (PET/PB). Os professores que estão na ativa – 17.209 estão aptos a participarem – receberão um abono de R$ 3 mil para aquisição de um computador portátil.

O chefe do Executivo ainda anunciou a realização do “Progr{ame}-se: Programa Meninas na Ciência e Tecnologia”, que irá incentivar nas escolas a presença das meninas nas ciências, exatas, tecnologias e engenharias, a fim de fomentar projetos de pesquisa, tecnologia e inovação. Além disso, o Governo Estadual irá fornecer aos estudantes e professores da rede estadual de ensino uma franquia mensal de pacote de dados de, no mínimo 20GB, a ser realizado por meio de um SIM CARD 3G/4G, que permite a conexão por diferentes operadoras.

O lançamento dos programas ocorreu durante a abertura do “I Seminário Transformação Digital na Educação e na Ciência e Tecnologia: práticas inovadoras e criativas”, uma realização do Governo do Estado da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia (SEECT-PB), em parceria com o Sebrae Paraíba. O evento se estende até esta quinta-feira (3), transmitido pelo canal no YouTube da SEECT-PB.

A abertura foi feita pelo governador João Azevêdo, de forma remota, sendo sucedido pelos integrantes do Primeiro Painel, secretário de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia, Cláudio Furtado; o superintendente do Sebrae, Walter Aguiar; o presidente da Undime Paraíba, Michael Lopes e representando os estudantes da Rede Estadual de Ensino, a egressa Glenda Targino. O historiador Leandro Karnal ministrou a palestra principal. A audiência, neste primeiro dia, ultrapassou 14.500 acessos com a presença on-line de professores, técnicos, gestores e estudantes das 14 Regionais de Ensino da Paraíba, além de público de diversos estados.

O governador João Azevêdo destacou as exigências dos novos tempos vivenciados por todos e que novas visões de mundo precisam estar integradas ao ensino nas escolas públicas. “Esse é o nosso desafio na gestão pública, fazer com que a escola acompanhe o mesmo ritmo de inovação ao qual nossas crianças passaram a ter acesso nos últimos anos”. Ele lembrou que mais de 54 milhões de estudantes em todo o Brasil foram retirados das salas de aula, enquanto se buscavam soluções digitais que permitissem a continuidade do ensino.

O integrante da Assessoria de Comunicação da SEECT, jornalista Luís Eduardo, que apresentou o evento, conduziu rodadas de perguntas aos integrantes do Primeiro Painel, os quais relataram suas experiências frente às mudanças ocorridas desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020.

O secretário Cláudio Furtado comparou a atual ruptura com um marco histórico. “O Século XX estaria acabado historicamente agora. É como se fosse a tomada de Constantinopla [evento que finalizou o Império Bizantino]. Essa pandemia, em termos de tecnologias para a educação, foi a queda de Constantinopla: a escola não será mais a mesma, essas ferramentas serão utilizadas e temos que pensar sempre, como falou nosso governador, em dar melhores condições para os professores continuarem com essa revolução na educação”.

Na oportunidade, o superintendente do Sebrae-PB, Walter Aguiar, reforçou o fator imprevisível causado pela pandemia e ressaltou que a própria instituição precisou implementar uma série de adaptações para dar seguimento às atividades. Mas foi a relação empreendedorismo-escola sua principal abordagem. “Achamos fundamental o empreendedorismo dentro da educação. Quando essa cultura passa pelas escolas, insere na vida das pessoas o processo de empreender”. O Sebrae-PB mantém parceria com a rede estadual de ensino e em cerca de 60 municípios, trabalhando o empreendedorismo desde o ensino fundamental.

Para o presidente da Undime Paraíba, Michael Lopes, a pandemia proporcionou um momento de buscar parcerias para executar a transformação digital. “Professores não sabiam mexer em ferramentas digitais e tiveram que aprender; escolas não tinham equipamentos ou acesso à Internet e precisaram adquirir.” Ele ressaltou também que a parceria com a SEECT foi fundamental para o sucesso que os municípios têm tido no novo processo de educação. “A Secretaria de Educação tem dado as mãos e tem mostrado o caminho por onde percorrer”, observou Michael.

As palavras da estudante egressa do ensino médio da rede estadual, Glenda Targino, aprovada em segundo lugar no curso de Medicina na UFPB,  comoveram os integrantes do painel e os ouvintes.

Nos depoimentos ela salientou a importância dos programas de ensino, especialmente o esforço em mantê-los durante a pandemia. “Me adaptar ao ensino remoto foi complicado porque era um ambiente onde nos divertíamos e agora seria usado de forma diferente, para estudar. Se não fosse o Se liga no Enem, eu não teria chegado até aqui, não só pelas aulas, o conteúdo, mas especialmente pelo apoio emocional”.

Glenda contou que os conceitos de empreendedorismo a incentivaram a dar aulas de Inglês para pessoas que irão fazer o ENEM, a segunda língua que ela aprendeu no Canadá, ao participar de outro programa estadual: o Gira Mundo.

Palestra de Leandro Karmal – O convidado especial deste primeiro dia do Seminário, o historiador, doutor pela USP, Leandro Karnal, que também é professor, falou sobre “A criatividade como ferramenta de transformação: salas de aulas virtuais, novas formas de aprender e ensinar”. Karnal colocou, no início de sua palestra, a diferença entre o “ser protagonista” e o “ser o reclamador”. “O protagonista entende que ele é parte da solução para os problemas que estão acontecendo. O protagonista não reclama, ele critica de forma a direcionar para uma solução, um caminho para melhorar. Como o processo poderia funcionar melhor? Reclamação não leva a nada”, concluiu.

Essa visão é aplicada pedagogicamente no ensino das escolas públicas estaduais, juntamente com a formulação de objetivos de vida de cada estudante, a partir da descoberta de seu próprio sonho, como Glenda Targino declarou. “Eu sonho em ver outros estudantes conquistarem seus sonhos, da mesma forma que eu consegui conquistar os meus”.

Leandro Karnal desafiou os professores a desenvolverem nos alunos a capacidade de enfrentar problemas de forma criativa. “Hoje, acima de tudo, o professor tem que saber que a memória é importante, mas que hoje a memória está arquivada em máquinas. Isso é ruim, é bom? Não sei, é um debate. Mas a minha memória tem que estar livre para aprender conceitos novos. A educação não pode ser para ensinar um procedimento técnico que vai desaparecer. Ela tem que ser para buscar, pesquisar. O mais importante é ensinar aos alunos a pesquisar, aprender a distinguir verdades de fake news, oferecer aos alunos mais perguntas, mais problemas para se resolver”.

O Seminário – O “I Seminário Transformação Digital na Educação e na Ciência e Tecnologia: práticas inovadoras e criativas” segue nesta quarta-feira (2), com debate sobre o eixo: “Ciência, Tecnologia & Inovação e Educação Profissional: Projetos de transformação social”, cujas principais palestrantes serão Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues, presidente do Conselho do Magazine Luiza e presidente do Grupo Mulheres do Brasil e Karina Barros Calife Batista, médica, doutora em medicina preventiva, membro da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas.

O último dia de evento, a quinta-feira (3), contará com a Aula Magna: “José Lins do Rego: Menino de Engenho, ontem e hoje”, com a presença de Maria Christina Lins do Rego Veras, escritora e filha de José Lins do Rego, Valéria Veras, arquiteta, curadora e responsável pela reconstituição do acervo biográfico do seu avô José Lins do Rego e o professor Christus Nóbrega, artista e professor do Instituto de Artes da UnB. Doutor em Arte Contemporânea.

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