O ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) voltou a negar a possibilidade de deixar o cargo “por vontade própria”. Nesta 6ª feira (3.mar.2020), ele afirmou que “médico não abandona paciente” e complementou: “Esse paciente chamado Brasil, quem me pediu pra tomar conta dele foi o presidente”.
Jair Bolsonaro já havia afirmado que não pretende demitir Mandetta “no meio da guerra”, mas fez críticas ao chefe do Ministério da Saúde. Disse que falta “1 pouco de humildade” ao ministro.
Os 2 têm perspectivas divergentes quanto à melhor forma de lidar com a crise do novo coronavírus no Brasil, que já infectou mais de 9.000 pessoas até esta 6ª feira (3.abr).
O presidente defende isolamento apenas para idosos e pessoas em grupo de maior risco como forma de evitar desgastes econômicos no futuro. Na 5ª feira (2.abr), afirmou ter “1 decreto pronto” que permitiria a reabertura do comércio.
Já Mandetta pede que a população permaneça em casa enquanto o Brasil abastece os estoques de equipamentos médicos, sob o risco de sobrecarregar o sistema de saúde. “Quando se tem 1 colapso, a economia sofre muito mais do que quando se controla [o número de casos]. Porque quando se tem 1 colapso, não tem outra alternativa a não ser uma quarentena horizontal, que nós não experimentamos no Brasil.”
A quarentena horizontal consiste na paralisação completa da circulação de pessoas, independente da faixa etária e pertencer ou não a 1 grupo de risco. A medida já foi adotada na Itália, França e Espanha, entre outros países.
Mandetta disse que a opção pelo “tratamento” mais adequado cabe ao próprio país –representado pelo presidente da República:
“Nós não estamos numa ilha. Isso aqui faz parte do governo do presidente Bolsonaro. Se eu estou aqui, é porque ele me nomeou. Se eu permaneço aqui, é porque ele tem a caneta para me manter ou para me tirar daqui.”
POSSIBILIDADES FUTURAS
Apesar de se colocar como parte do governo, Mandetta deixou em aberto a possibilidade de deixar a função “depois que isso [a pandemia] terminar”.
“Talvez seja mais importante eu ir debater a situação do Brasil pós-covid em algum outro lugar. Talvez, ajudar o Brasil a buscar 1 modelo de saúde mais racional. Talvez ajudar o mundo a pensar o sistema de saúde mais racional. Mas, no momento, na beira da cabeceira, eu vou estar ali.”
Poder360