O setor cultural da Paraíba vem se manifestando nos últimos dias pela mudança de comando na Secretária de Estado da Cultura na próxima gestão do governador reeleito João Azevêdo (PSB), que irá iniciar seu segundo mandato a partir de 1º de janeiro de 2023 e já deixou claro que fará mudanças na sua equipe.
De olho nas mudanças, artistas independentes e produtores culturais se reuniram durante o fim de semana para defender um novo gestor na pasta da Cultura. Eles elaboraram uma carta com a sugestão do nome do vereador Marcos Henriques (PT) para compor a equipe do Governo e assumir a Secretaria de Cultura. O documento será entregue ao governador João Azevedo nesta semana .
Diante da movimentação dos grupos culturais, o vereador de João Pessoa Marcos Henriques (PT) se manifestou sobre o assunto. O parlamentar declarou que ficou surpreso, mas que se sente lisonjeado com a atitude dos artistas.
“Essa foi uma iniciativa exclusivamente dos artistas e produtores culturais. É uma ação totalmente da base. Eu não fui consultado, mas fico muito lisonjeado de estar sendo citado e sendo preferido por essas pessoas das mais diversas ramificações artísticas. Isso reflete a maturidade e a democracia, onde os artistas se sentem à vontade para fazer sugestões e expor suas opiniões”, disse o vereador da capital.
Leia a íntegra da carta:
QUEREMOS! MARCOS HENRIQUES NA SECULT-PB – Carta ao Governador João Azevêdo
Paraíba, 23 de novembro de 2022
À Vossa Excelência, Governador do Estado da Paraíba, João Azevêdo Lins.
Senhor Governador, ao tempo em que lhe saudamos, apresentamos a seguir nossos anseios com relação ao futuro da Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba (Secult-PB).
É chegada a hora do segundo mandato do governador João Azevêdo, eleito democraticamente pelos paraibanos e paraibanas, como resultado de um longo percurso de diálogo com diversos setores da sociedade. Nós, povo da cultura – artistas, produtores, gestores e agentes culturais -, que acreditamos na democracia e afirmamos a legitimidade da escolha popular, vimos a público defender mudança de rumos na Secult-PB.
Se nos últimos anos vivemos momentos de distanciamento entre os gestores da pasta e a classe artístico-cultural, acreditamos que é tempo de mudar essa realidade. Ao falarmos das artes e das culturas paraibanas, tratamos daquilo que temos de mais singular, de mais potente, daquilo que nos confere identidade e mobiliza nossa força e nosso orgulho de dizermos que somos da Paraíba. Também falamos de um setor que mobiliza grande massa de trabalhadores/as em todo o estado e que em nível nacional é responsável por 2,67% do PIB.
A Secult-PB, por sua vez, é o principal órgão gestor da cultura e das políticas culturais da Paraíba, apesar de ter sido apequenada por seus próprios gestores nos últimos anos. Ao abrir um fosso entre o governo e o povo da cultura, seus gestores distanciaram o primeiro mandato de João Azevêdo de uma ampla gama de agentes culturais espalhados por toda a Paraíba, sem compreender nem reconhecer a real importância desses agentes para a defesa da democracia, para a construção de uma sociedade culturalmente diversa e para o fortalecimento das políticas públicas de impacto positivo na vida das pessoas.
Nós acreditamos em política pública feita com participação, com responsabilidades compartilhadas e com senso democrático. É por isso que vimos a público defender o nome do vereador Marcos Henriques para assumir a Secult-PB no próximo governo de João Azevêdo. Todos que tomaram contato com o mandato de Marcos Henriques sentiram sua importância para as lutas culturais e sociais. Sua presença foi decisiva para a construção de pontes de diálogo e de espaços de alto nível de elaboração, tornando-se uma representação de relevância para os grupos, fóruns e redes de arte e cultura organizados em torno da construção de políticas públicas, além dos movimentos sociais em geral.
Nos últimos anos, contamos diuturnamente com o mandato de Marcos Henriques, sempre atento às demandas sociais, sem jamais perder o senso de responsabilidade enquanto agente público. Seu perfil se impõe como completo para assumir a pasta em questão, que será crucial para o desenvolvimento social e econômico da Paraíba nos próximos anos: do ponto de vista técnico, Marcos Henriques é profundo conhecedor da máquina pública; é um político de confiança do campo de esquerda que elegeu João Azevêdo e nutre respeito entre os agentes públicos que com ele dialogam; tem notória capacidade de articulação e implementação de políticas, o que será exigido para trazer ao estado as oportunidades geradas pelo próximo governo Lula, inclusive, em meio a refundação do Ministério da Cultura (MinC); tem uma trajetória ligada ao trabalhismo e a defesa dos trabalhadores/as, dimensão que ganha cada dia mais centralidade nas pautas do campo cultural, formado por trabalhadores e trabalhadoras da cultura em toda sua diversidade de ofícios; e é uma liderança política que respeita, dialoga e se relaciona com o setor cultural, seus agentes e organizações.
Já não cabe a frente da Secult-PB os gestores “muralhas”, mas sim, os gestores “pontes”, aqueles que aproximem o governo democraticamente eleito da classe artístico-cultural que também contribuiu para sua eleição. É tempo de gestores dispostos a estruturarem e consolidarem políticas culturais de Estado, contribuindo diretamente para o desenvolvimento social, econômico, humano e educacional da Paraíba. Nesse sentido, é hora de olhar para a frente, para o que vem e o que pode ser. É hora de reposicionar a cultura no lugar de destaque a que ela deve ser alçada, alinhar a gestão cultural estadual à nova realidade da gestão cultural federal e consolidar políticas que impactem positivamente a vida dos trabalhadores e trabalhadoras da cultura da Paraíba, bem como de toda população.
Diante disso, defendemos junto ao governador João Azevêdo e sua equipe que o vereador Marcos Henriques seja o próximo Secretário de Estado da Cultura, na confiança e esperança de grandes dias vindouros para todo o setor cultural paraibano.