Tradição desde o século passado, Brasil abre debate da assembleia da ONU

Uma tradição iniciada em 1949 com o diplomata Oswaldo Aranha terá continuidade nesta terça-feira (19). O Brasil vai abrir o debate geral da 72ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos.

Segundo o chefe da divisão das Nações Unidas do Ministério das Relações Exteriores (MRE), ministro Eugênio Garcia Vargas, o Brasil se destacava como um país que apoiava o multilateralismo em um período de polarização causada pela Guerra Fria. “O Brasil tem um perfil histórico de respeito ao diálogo, de solução pacífica de controvérsias”, explicou o ministro.

Mais democrático órgão da ONU, a assembleia reúne representantes de todos os Estados-membros da organização, atualmente 193. “Cada Estado tem um voto, como uma democracia. É o órgão mais representativo e funciona como uma espécie de caixa de ressonância da opinião pública mundial. O Brasil se sente honrado e privilegiado de ser o primeiro a falar no debate geral, e para o Secretariado da ONU isso já é uma prática estabelecida”, afirmou. Após o Brasil, a vez é dos Estados Unidos, por ser o país anfitrião.

Brasil na ONU

Desde a fundação da ONU, em 1945, o Brasil tem posição de destaque na organização. Aranha presidiu a 2ª Sessão da Assembleia Geral, em 1947, única vez que um brasileiro assumiu o cargo. Atualmente, o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) é o brasileiro José Graziano da Silva. Esta será a segunda vez que o presidente da República, Michel Temer, discursará na abertura da sessão de debates.

Brasil chega economicamente mais forte na ONU - gif

A sede da ONU em Nova York também tem influência brasileira: o arquiteto Oscar Niemeyer participou da elaboração do projeto do prédio em 1947, junto a 10 arquitetos de outras partes do mundo. Em 2013, Niemeyer foi homenageado com uma exposição, montada na sede da organização, com desenhos feitos durante a criação do projeto, além de vídeos e imagens raras do período.

De acordo com o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Alcides Costa Vaz, pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos do Exército Brasileiro, o País desempenha importante papel na promoção de causas multilaterais.

“Desde a fundação do organismo, o Brasil se empenhou muito nas discussões em torno da promoção do desenvolvimento, do desarmamento. Foi uma voz muito proativa nas discussões dos interesses afetos ao terceiro mundo, e mais recentemente também com engajamento muito forte nas questões de direitos humanos, na agenda ambiental”, disse o especialista, além da participação em missões de paz e outras questões de segurança.

Para o ministro Vargas, a participação brasileira é importante devido ao perfil diplomático e o canal de diálogo aberto com outras nações. “Muitos Estados têm interesses muito claros estratégicos e militares. Em termos de política externa, mantemos a tradição de ser um país pacífico, não ter inimigos externos, não ter armas nucleares, e ser um exemplo em meio ambiente, direitos humanos, saúde”, emendou.

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