A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de não incluir na pauta o requerimento de urgência para o projeto que propõe a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro gerou forte insatisfação entre parlamentares bolsonaristas, principalmente do PL. Um dos mais incisivos foi o deputado estadual Cabo Gilberto Silva (PL-PB), aliado próximo de Jair Bolsonaro na Paraíba, que classificou a postura de Motta como um “desrespeito” à vontade da maioria dos deputados e prometeu retaliações políticas.
“Isso vai custar caro. Se perdermos no voto, eu aceito. Isso é a resposta do plenário, que representa mais de 200 milhões de brasileiros. Mas tenha certeza de que essa decisão não passará impune”, declarou Cabo Gilberto em entrevista ao programa Hora H, apresentado por Heron Cid e Wallison Bezerra, na Rede Mais Rádios.
O deputado criticou o entendimento firmado entre Hugo Motta, lideranças partidárias e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que resultou no adiamento da votação. Para ele, a decisão final deve caber ao plenário da Câmara, e não apenas ao comando da Casa.
“Não é só o PL. Um terço do União Brasil, parte do Republicanos, dez deputados do MDB e metade da bancada do PP apoiam a urgência. Na minha avaliação, o presidente está cometendo um erro ao não permitir que o plenário decida de forma soberana”, reforçou.
O requerimento de urgência, protocolado pelo PL, já acumula cerca de 270 assinaturas — número superior ao necessário para levar a matéria à apreciação dos deputados, desde que seja pautada. A proposta original previa uma anistia ampla, mas vem sendo ajustada para excluir quem participou diretamente de atos de vandalismo.
Apesar disso, a iniciativa ainda encontra resistência de partidos do centro e da base do governo, além de ser rechaçada pelo Planalto. Hugo Motta, por sua vez, busca construir um consenso entre líderes dos Três Poderes para evitar uma nova crise institucional. Mesmo assim, a pressão da bancada bolsonarista deve intensificar os embates no Congresso nos próximos dias.
Acesso Político