O líder do PL na Câmara dos Deputados, deputado Sóstenes Cavalcante, insinuou que a operação da Polícia Federal realizada em Patos, no sertão paraibano, pode ter sido motivada por pressões políticas. Segundo ele, a ação teria como objetivo dificultar a atuação do presidente da Câmara, o deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos), em relação à tramitação do projeto de lei que propõe anistia aos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro de 2023.
“Achamos muito estranho que, justamente quando se começa a discutir a anistia, a Polícia Federal vá realizar busca e apreensão na casa do pai de Hugo Motta. Isso, para mim, causa muita estranheza e não me cheira bem esse tipo de comportamento da nossa querida e gloriosa Polícia Federal. Em um momento como esse, precisamos estar atentos a todos os movimentos”, declarou o parlamentar.
Apesar das declarações de Sóstenes, é importante destacar que nem Hugo Motta, nem seu pai, o prefeito de Patos Nabor Wanderley (Republicanos), foram alvos diretos da operação. Batizada de “Operação Outside 2”, a ação teve como foco empresários e uma funcionária da prefeitura, que foi exonerada imediatamente após a investigação vir a público.
Durante a entrevista, o líder do PL também ressaltou a aliança com Hugo Motta e disse confiar no compromisso do presidente da Câmara em colocar o projeto de anistia em votação. Segundo ele, a proposta já reúne o número necessário de assinaturas para ser analisada em plenário.
“Jamais vamos expor o presidente Hugo Motta. Ao contrário, ele é nosso aliado, e sabemos das pressões externas que enfrenta dentro da Câmara. É lamentável que o presidente de um poder sofra pressões de outro poder para que não exerça plenamente sua função de legislar”, afirmou.
Sóstenes demonstrou otimismo em relação à tramitação do projeto. De acordo com ele, com o retorno de Hugo Motta ao Brasil, previsto para o dia 20, o tema deve ser finalmente incluído na pauta.
“Quando ele voltar, essa matéria estará em pauta e, em poucas semanas, faremos justiça aos injustiçados do 8 de Janeiro”, completou.
O deputado também fez duras críticas ao Supremo Tribunal Federal, acusando a Corte de agir com parcialidade e de impor punições consideradas desproporcionais. Ele citou o caso de Débora “do Batom”, uma das condenadas pelos atos, que recebeu uma multa de R$ 30 milhões — valor que, segundo Sóstenes, supera os prejuízos materiais totais causados nas sedes dos Três Poderes.
“A Suprema Corte já tem dois votos para condenar Débora e Fernando a uma multa de R$ 30 milhões. Ora, somando todos os danos causados por todos os envolvidos na depredação do patrimônio público, o valor é de aproximadamente R$ 23 milhões. O exagero é tanto que aplicam 30 milhões a uma única pessoa”, disse.
Por fim, o parlamentar afirmou que, apesar de setores do governo mencionarem a possibilidade de um indulto presidencial para parte dos condenados, nos bastidores haveria pressão para que deputados retirassem suas assinaturas do projeto de anistia.
“Teve parlamentar que retirou a assinatura, e já soube que o governo está pressionando quem assinou a voltar atrás. Ora, se o governo realmente considera conceder algum tipo de anistia, jamais deveria agir dessa forma, pressionando pela retirada de assinaturas”, concluiu.
Acesso Político com informações do Fonte083